A Estimulação Magnética Transcraniana – ou Transcranial Magnetic Stimulation (TMS) – é uma técnica utilizada para estimular ou inibir as funções neuronais, com a intenção de amenizar certos sintomas dos distúrbios do sistema nervoso.

Trata-se da geração de pequenos campos magnéticos, que transmitem correntes elétricas de alta intensidade para a região desejada. Essas correntes podem aliviar a dor, melhorar a marcha, funções cognitivas, e diversos sintomas a depender da doença de base.

A Estimulação Magnética Transcraniana vem crescendo muito nos últimos anos na neurologia, e vem se mostrando promissora como tratamento para diversas doenças, incluindo a doença de Parkinson, a Distonia, Ataxias, Dores de cabeça, e Declínios Cognitivos.

Como o TMS é realizado?

O TMS é uma técnica não invasiva, não utilizando nenhum tipo de incisão ou abertura em seu procedimento.

O paciente utiliza uma touca de tecido especial, na qual são marcadas as regiões a se estimular. São colocadas, então, uma pequena bobina por cima das marcações, pelas quais serão formados os campos magnéticos e passadas as correntes elétricas, que estimulam determinadas regiões cerebrais.

A estimulação é indolor, e o paciente muitas vezes sente uma sensação local (estímulo) que é resultado da corrente magnética emitida pela bobina.

As sessões têm em média de 15 a 20 minutos. O paciente fica relaxado e sentado em uma poltrona. Não há preparo específico, e logo em seguida o paciente pode retornar à sua casa.

Dependendo dos sintomas tratados, fazemos diversas sessões em dias seguidos (5 a 10 sessões) e repetimos periodicamente (mensalmente, a cada 2-3 meses…).

O que você precisa saber sobre o TMS?

O TMS é indicado como uma terapia ADJUVANTE em algumas doenças neurológicas. Ou seja, ele potencializa um tratamento já em andamento.

Principais aplicações:

Sintomas da doença de Parkinson

Aqui se encontra um dos principais usos do TMS e onde encontramos diversos estudos científicos.

Atualmente, tratamos Parkinson com medicações específicas , atividade física e, em alguns casos, cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS). A grande questão é que nem sempre esses tratamentos disponíveis são totalmente eficazes.

Nesse contexto, o TMS vem sendo utilizado como terapia adjuvante, ou seja, como uma terapia complementar às terapias já existentes.

Os estudos mostram que seu principal benefício é sobre a lentidão, que é um dos principais sintomas da doença de Parkinson. Após as sessões de TMS, há melhora nos movimentos das mãos, pés, e na marcha. Os pacientes se sentem melhores para caminhar, mais “soltos”.

Sabemos que um dos maiores desafios do tratamento do paciente com Parkinson é sobre o congelamento da marcha (também conhecido como Freezing). Novamente, quando as terapias convencionais não aliviam totalmente o congelamento da marcha, estudos mostram que o TMS também pode ser benéfico.

Distonias

Distonia é um distúrbio do movimento caracterizado por contrações musculares involuntárias, que acabam levando a movimentos e posturas anormais.

Essa contração involuntária pode ocorrer em diversas partes do corpo, como na face, no pescoço, nos braços e nas pernas.

O tratamento padrão ouro é a toxina botulínica, mas em casos em que a toxina não alivia completamente os sintomas do paciente, a aplicação do TMS pode ser tentada.

Há estudos mostrando que ocorre uma redução das contrações musculares após as aplicações.

Ataxias

Ataxias são distúrbios do movimento caracterizados por incoordenação dos movimentos. Por exemplo, na ataxia dos membros superiores a pessoa tem incoordenação para pegar um objeto, como um copo d’água; ou na ataxia da marcha, em que a pessoa tem desequilíbrio para andar.

As ataxias podem ser secundárias a diversas causas como acidente vascular cerebral, doenças genéticas (como as ataxias espinocerebelares – SCAs), atrofia de múltiplos sistêmicas (AMS), doenças inflamatórias, entre outras.

Diversas pesquisas mostraram benefícios do TMS para aliviar a incoordenação desses pacientes, em especial quando associado à fisioterapia.

Sintomas Cognitivos

Há dados na literatura mostrando que o uso da estimulação não-invasiva (TMS) pode melhorar sintomas cognitivos, em especial as funções executivas e a linguagem.

Costumamos chamar de funções executivas: raciocínio lógico, resolução de problemas, concentração, atenção. Esses sintomas, que muitas vezes estão alterados em doenças crônicas, podem melhorar com o TMS.

Dores de cabeça e dores crônicas

As chamadas dores de cabeça primárias, como a enxaqueca, a cefaleia tensional, a cefaleia em salvas, têm tratamentos medicamentosos específicos.

Em alguns casos, em que apesar do uso de medicamentos a dor ainda incomoda a pessoa, o TMS pode ser utilizado como uma terapia analgésica, e diversos estudos apontaram para isso.

Da mesma maneira, dores crônicas (dores neuropáticas ou fibromialgia) podem ser aliviadas com TMS.

Importante:

Seja qual for o problema tratado, é importante lembrar que essa é uma técnica complementar.

O TMS não deve substituir ou dispensar as demais terapias, como os medicamentos e a atividade física. Ele deve, na realidade, ser um aliada dos tratamentos com a intenção de potencializá-los.

De uma forma geral, o TMS é uma terapia ainda OFF-Label, em estudo em diversos centros do mundo. A nossa experiência mostra que o TMS pode realmente ser benéfico em alguns casos bem selecionados. Uma grande vantagem é que a técnica é extremamente segura e realizada no próprio consultório.

Portanto, deve ser discutido com o paciente em questão a proposta da terapia, os resultados esperados, e analisar a indicação e o alvo correto do TMS.

Na clínica DM Plus, os neurologistas têm profundo conhecimento sobre o assunto e capacidade para discutir caso a caso.