Uso do canabidiol e do THC na medicina

A Doença de Parkinson (DP) é uma condição acompanhada frequentemente por um sintoma desafiador: a dor. No entanto, até o momento, as opções de tratamento eficazes têm sido limitadas. 

O distúrbio está associado a uma redução progressiva dos neurônios que produzem a dopamina, um neurotransmissor que atua nos movimentos do corpo. Rigidez muscular, bradicinesia (movimento lento) e tremores são seus sinais clássicos.

Neste artigo, vamos abordar os resultados de estudos clínicos recentes que examinaram o uso do canabidiol (CBD) e do tetraidrocanabinol (THC) no alívio da dor em pacientes com Parkinson.

canabidiol e do THC

Dose segura

O artigo intitulado Um Estudo Duplo-Cego, Randomizado, Fase Ib sobre o Uso de Óleo de Cannabis no Alívio da Dor na Doença de Parkinson, publicado no jornal americano Movement Disorders, teve como principal objetivo determinar a dose máxima tolerada (DMT) e avaliar a segurança das formulações de delta-9-tetrahydrocannabinol (THC) e cannabidiol (CBD) no tratamento da dor em pacientes com DP.

Este foi um estudo de fase 1b, duplo-cego, randomizado, realizado em um único centro. Os participantes foram divididos aleatoriamente em três grupos que receberam diferentes formulações de THC/CBD (18:0, 10:10 e 1:20). Os pesquisadores analisaram a DMT, eventos adversos (EA) e tolerabilidade para cada uma das formulações.

Resultados encorajadores

O estudo incluiu um total de oito participantes. Os resultados revelaram que a dose máxima tolerada foi semelhante entre os grupos, variando de 0,8 a 0,9 ml/dia. Importante destacar que não foram registrados eventos adversos graves durante o estudo, e nenhum participante abandonou o estudo devido a efeitos colaterais.

Os efeitos adversos mais comuns relatados pelos participantes foram sonolência e tontura, que afetaram três indivíduos. A avaliação da Escala de Sonolência de Epworth mostrou pontuações mais altas no grupo que recebeu a formulação com alto teor de CBD (1:20).

Conclusões

Os resultados deste estudo sugerem que formulações mistas de THC/CBD são bem toleradas por pacientes com Parkinson que sofrem de dor. A ausência de eventos adversos graves é um achado encorajador em relação à segurança desses compostos.

Dada a promissora segurança dessas formulações, o próximo passo pode ser a realização de estudos de fase II para avaliar ainda mais a eficácia do CBD e do THC no tratamento da dor em pacientes com DP.

Efeitos da cannabis na doença de Parkinson

Além do estudo mencionado anteriormente, vale destacar outro artigo relevante que também analisou o uso da cannabis medicinal na doença de Parkinson (DP). Neste caso, foi conduzida uma revisão sistemática e meta-análise abrangente.

A legalização da cannabis em vários países tem permitido que muitos pacientes com Parkinson considerem a cannabis como um tratamento. No artigo Efeitos da Cannabis na Doença de Parkinson: Uma Revisão Sistemática e Meta-Análise, publicado no Journal of Parkinson´s Disease, o objetivo principal foi compilar as melhores evidências disponíveis para ajudar pacientes, suas famílias, médicos e pesquisadores a tomarem decisões informadas.

Metodologia da revisão

Para entender o impacto da cannabis na DP, foi realizada uma busca sistemática na literatura em junho de 2021. Os critérios de inclusão abrangeram cinco estudos controlados randomizados e dezoito estudos não randomizados que investigaram o tratamento com derivados da planta em pacientes com Parkinson.

Benefícios emergentes

Embora não tenham sido encontradas evidências convincentes que recomendem o uso de cannabis em pacientes com DP, identificamos benefício potencial em várias áreas:

Redução do tremor: a cannabis parece mostrar promessa no alívio do tremor associado ao Parkinson.

Ansiedade: pacientes relataram uma redução da ansiedade após o uso de cannabis.

Alívio da dor: demonstrou potencial para aliviar a dor relacionada à doença neurológica.  

Melhoria da qualidade do sono: alguns estudos indicaram que a cannabis pode melhorar a qualidade do sono dos pacientes com DP.

Qualidade de vida: a cannabis também foi associada a melhorias na qualidade de vida dos pacientes.

Limitações e necessidades futuras

É importante notar que, devido à relativa escassez de estudos randomizados bem projetados, as conclusões devem ser interpretadas com cautela. Há uma necessidade identificada de mais investigações, particularmente nessas áreas onde foram observados benefícios potenciais. Pesquisas futuras podem fornecer uma compreensão mais sólida dos efeitos da cannabis na doença de Parkinson. 


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