Saiba como o jogo brasileiro pode ajudar na recuperação de pacientes com Parkinson
Uma nova alternativa dinâmica para o tratamento do Parkinson, doença neurológica progressiva que afeta cerca de 10 milhões de pessoas no mundo, foi apresentada por pesquisadores brasileiros.
O jogo de computador chamado RehaBEElitation, desenvolvido a partir de uma parceria da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com a Université de Lorraine, na França, permite que os pacientes realizem movimentos manuais a partir do controle das atividades de uma abelha em realidade 3D. Na prática, ao jogar, esses pacientes realizam movimentos manuais característicos daqueles usados em tratamentos fisioterapêuticos.
Para controlar abelhas 3D durante o jogo, os usuários fazem movimentos de abrir e fechar as mãos, flexão, extensão, adução, abdução e pinça com os dedos polegar e indicador, em diferentes fases e níveis.
Esses movimentos ajudam na recuperação porque o Parkinson pode afetar o movimento de uma pessoa, causando tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita, graças à degeneração das células cerebrais relacionadas à condução das correntes nervosas ao corpo.
Prêmio francês
A equipe primeiro realizou um questionário para saber sobre as principais necessidades dos pacientes, e só então chegou à conclusão de que o jogo seria destinado ao tratamento e estímulo dos membros superiores.
O projeto foi vencedor na 11ª edição do evento “Challenge Handicap & Technologie”, em Metz (França), em maio de 2023. A categoria que acompanhou a vitória foi “Autonomia”, que visa a promoção da autonomia das pessoas em situação de dependência.
Por enquanto, o RehaBEElitation não está disponível para os pacientes, já que ainda está sendo trabalhado. No entanto, um próximo passo é incorporar a avaliação dos membros inferiores nas modalidades, para ajudar ainda mais na recuperação desses pacientes.
Parkinson causa perda de movimentos
A doença de Parkinson é um distúrbio cerebral que resulta em movimentos involuntários ou incontroláveis. Seus sintomas surgem lentamente, mas tendem a agravar-se progressivamente ao longo do tempo.
À medida que o Parkinson avança, os pacientes enfrentam desafios como dificuldades na locomoção e na fala, além de possíveis alterações mentais e comportamentais, como insônia, depressão e problemas de memória. Embora a maioria dos casos ocorra após os 60 anos, cerca de 5% a 10% das pessoas são afetadas antes dos 50 anos.
Para suprir a necessidade das pessoas, estudos já vêm sugerindo meios de detectar a doença. Uma equipe de cientistas norte-americanos desenvolveu uma inteligência artificial (IA) capaz de detectar a condição através da respiração.
Conforme alerta o Ministério da Saúde, não existe cura para a doença, porém, ela pode e deve ser tratada, não apenas combatendo os sintomas, como também retardando o seu progresso. A grande barreira para se curar o Parkinson está na própria genética humana, pois, no cérebro, ao contrário do restante do organismo, as células não se renovam. A grande arma da medicina para combater o distúrbio são os medicamentos e, em alguns casos, a cirurgia, além da fisioterapia e a terapia ocupacional.
A Estimulação Cerebral Profunda, do inglês Deep Brain Stimulation (DBS), é um tratamento cirúrgico para distúrbios do movimento, como Parkinson, tremor essencial e distonia. Com eletrodos implantados com precisão no cérebro, o circuito defeituoso é modulado, restaurando a transmissão neural e o controle do movimento. A recuperação é rápida, com alta hospitalar em cerca de 48h, e o paciente não tem restrição de mobilidade após o procedimento.
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