Pacientes com Parkinson, cujos cuidadores enfrentam depressão, têm maior probabilidade de ter pior qualidade de vida?
Pacientes com Doença de Parkinson (DP), cujos cuidadores sofrem de depressão, têm maior probabilidade de experimentar uma qualidade de vida reduzida e de realizar mais visitas ao pronto-socorro do que aqueles que contam com cuidadores saudáveis, de acordo com um novo estudo.
As descobertas sugerem que o rastreamento da depressão do cuidador e o aumento do suporte são essenciais para a saúde tanto dos pacientes com Parkinson quanto de seus cuidadores. Os autores concluem que abordagens como visitas domiciliares interdisciplinares, terapia cognitivo-comportamental e treinamento abrangente de habilidades podem reduzir o estresse dos cuidadores.
O artigo intitulado Associação do risco de depressão do cuidador com os resultados do paciente na doença de Parkinson foi conduzido pela médica Rudmila Rashid, do Departamento de Neurologia da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia. Foi publicado online em agosto deste ano no JAMA Network Open e abordou questões relacionadas a esse tópico.
Sobrecarga do cuidador na doença de Parkinson: impactos e desafios
Os cuidadores desempenham um papel fundamental no apoio às pessoas com a doença de Parkinson (DP), atendendo às suas necessidades físicas e emocionais. Sua presença traz vantagens como consultas médicas mais esclarecedoras, adiando a possível mudança para lares de idosos e reduzindo os custos de assistência médica.
Assumir o papel de cuidador pode ter efeitos negativos na qualidade de vida devido ao esforço físico, financeiro e emocional exigido. Pesquisas mostram que essa sobrecarga está ligada a sintomas motores mais graves, dificuldades cognitivas, problemas de sono e desafios nas relações com as pessoas que têm Parkinson.
No entanto, ainda sabemos pouco sobre como essa sobrecarga afeta o progresso dos pacientes com DP, o que dificulta a identificação de fatores que poderiam ser modificados para melhorar os resultados. Este estudo teve como objetivo investigar a relação entre a sobrecarga dos cuidadores e o bem-estar dos pacientes a longo prazo.
Supõe-se que cuidadores que apresentem sintomas mais graves de depressão possam estar relacionados a uma qualidade de vida inferior dos pacientes e a um aumento na utilização de serviços de saúde.
Metodologia
Este estudo retrospectivo de coorte incluiu 454 pessoas com doença de Parkinson (DP) que viviam em suas casas (com idade média de 67,3 anos) e seus familiares não remunerados ou amigos (com idade média de 65,9 anos), que atuavam como cuidadores. Todos inscritos no Projeto de resultados do Parkinson, da Fundação Parkinson.
Durante a pesquisa, os pesquisadores coletaram informações sobre a qualidade de vida desses indivíduos usando um questionário chamado PDQ-39, que tem 39 perguntas. Esse questionário avalia o quanto a saúde afeta a qualidade de vida, e as pontuações podem variar de 0 a 100, onde pontuações mais altas indicam pior qualidade de vida.
Eles perguntaram também sobre a depressão usando a Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D), que tem 20 perguntas. Pontuações acima de 16 nesta escala indicam maior risco de transtorno de humor. Além disso, registraram se eles foram hospitalizados e quantas vezes foram ao departamento de emergência.
O estudo controlou variáveis como a idade dos pacientes, o sexo, a duração da doença, o estágio na escala Hoehn e Yahr (uma escala de classificação dos déficits motores em pacientes com DP), medidas cognitivas, além da situação financeira autodeclarada do cuidador e sua própria saúde.
Resultados
Neste estudo de coorte, pacientes com doença de Parkinson que tinham cuidadores em maior risco de depressão apresentaram probabilidade maior de ter uma qualidade de vida inferior e de fazer mais uso de serviços de saúde em comparação com pacientes que tinham cuidadores com menor risco de depressão. A disponibilização de recursos adicionais de cuidado e intervenções para reduzir os sinais de depressão entre os cuidadores pode, potencialmente, melhorar os resultados dos pacientes.
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