Estimulação cerebral profunda reduziu 47% dos sintomas de TOC, aponta estudo
Uma nova pesquisa concluiu que a Estimulação Cerebral Profunda, da sigla em inglês Deep Brain Stimulation (DBS), diminuiu em 47% os sinais de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) em pacientes com quadros severos do distúrbio. Além disso, aproximadamente 66% dos pacientes que tiveram acesso ao tratamento relataram uma melhoria nos sintomas.
O TOC é caracterizado por dois traços distintos que impactam o paciente: obsessão e compulsão. A obsessão refere-se a pensamentos persistentes, independentemente do seu conteúdo. Por outro lado, a compulsão é um comportamento realizado na tentativa de aliviar sua obsessão. Um exemplo é alguém que pensa constantemente que a mão está infestada de germes, representando a obsessão. Então, essa pessoa lava repetidamente suas mãos para limpá-las; neste caso, trata-se da compulsão. Cerca de 3% da população mundial é afetada por essa condição, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Uma das opções de tratamento para casos graves do transtorno obsessivo-compulsivo é a cirurgia de DBS, tema analisado pelo estudo intitulado Eficácia da estimulação cerebral profunda para transtorno obsessivo-compulsivo resistente ao tratamento, publicado em setembro de 2022 no Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry.
Por mais de uma década, a técnica tem beneficiado pacientes com Parkinson, reduzindo tremores, rigidez muscular e lentidão que caracterizam a doença. A abordagem de sucesso incentivou cientistas a investigar o potencial da DBS para pessoas com TOC grave resistente à terapia padrão.
O artigo é uma revisão sistemática, um tipo de levantamento que analisa os resultados de pesquisas anteriores com uma metodologia definida. No total, 34 estudos publicados entre 2005 e 2021 compuseram o texto. Os estudos incluíram 352 adultos com idade média de 40 anos e TOC grave a extremo, cujos sintomas não melhoraram apesar do tratamento.
Ao comparar os diferentes resultados, os pesquisadores concluíram que pacientes com sintomas severos e sem resposta a outros tratamentos indicados para o TOC demonstraram ganhos substanciais – redução de quase metade das manifestações do transtorno com a Estimulação Cerebral Profunda.
Esse procedimento é uma cirurgia invasiva realizada para implantar eletrodos em partes específicas do cérebro, que serão estimuladas por um gerador de pulsos colocado sob a pele na região da clavícula.
Além do transtorno obsessivo-compulsivo, a técnica é adotada para o tratamento de outras condições. A cirurgia DBS é utilizada em neurocirurgia há bastante tempo para amenizar sintomas da doença de Parkinson, tremor essencial, distonias e outros distúrbios do movimento.
Vantagens e indicações
Uma das principais vantagens da estimulação cerebral profunda é proporcionar resultados positivos para os pacientes, além de não deixar sequelas após a cirurgia.
A estimulação conta também com a vantagem de ser reversível e permitir a alteração do padrão de estímulos enviados ao cérebro. Dependendo do quadro do paciente, essas modificações podem ser necessárias durante o tratamento.
Essa técnica, no entanto, não é recomendada para todo paciente com TOC. Na verdade, é considerada uma das últimas opções de tratamento. Normalmente, as abordagens iniciais para tratar a condição envolvem a prescrição de medicamentos, principalmente aqueles que atuam na serotonina, como os antidepressivos. Logo no início, é orientada também a terapia cognitivo-comportamental.
Se o paciente não responder de forma satisfatória, outros medicamentos podem ser indicados. Também é viável realizar procedimentos de neuromodulação, como a estimulação magnética transcraniana, uma técnica não invasiva que ativa o cérebro por meio de campos magnéticos. Essa abordagem tem o potencial de aliviar sintomas relacionados a distúrbios neurológicos ou mentais.
É somente depois dessas formas de tratamento e com resultados insatisfatórios que se recomenda um procedimento invasivo, o que é o caso da DBS.
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