Coreias são movimentos involuntários, rápidos e imprevisíveis que podem aparecer em diferentes partes do corpo e atrapalhar tarefas simples do dia a dia. Na DM Plus, o cuidado começa com uma avaliação neurológica completa e segue para um plano integrado de tratamento.
Esse plano pode incluir terapia medicamentosa, reabilitação com foco funcional e, quando indicada, neuromodulação não invasiva. O objetivo é reduzir o impacto dos movimentos, organizar a rotina e preservar autonomia com medidas práticas e acompanhadas de perto.
O que são coreias
Coreias pertencem ao grupo dos distúrbios do movimento. Diferenciam-se por movimentos breves, irregulares e sem ritmo fixo, que “pulam” de um segmento para outro. Eles podem se manifestar em mãos, braços, face, tronco e pernas. Às vezes parecem inquietação; em outras, lembram pequenos “soluços” musculares que confundem quem observa. Reconhecer esse padrão é importante para diferenciar coreia de outras manifestações como tremor, mioclonia e distonia.
Definição e causas neurológicas
Do ponto de vista neurológico, a coreia envolve circuitos que regulam seleção e inibição de movimentos. Quando esses circuitos perdem equilíbrio, os movimentos indesejados “vazam”. As causas são variadas: doenças genéticas, processos autoimunes, efeitos de medicamentos, condições metabólicas e quadros secundários a outras lesões neurológicas. Por isso, a investigação precisa considerar história, medicações em uso, antecedentes familiares e sinais associados.
Coreia de Huntington e outros tipos
A doença de Huntington é a causa genética mais conhecida de coreia e pode cursar com alterações motoras, cognitivas e comportamentais. Além dela, existem outras situações com coreia, como quadros autoimunes, efeitos de determinados fármacos e condições relacionadas à gestação ou a infecções.
Cada origem pede um caminho terapêutico próprio. O primeiro passo é delimitar o tipo de coreia e entender o contexto clínico para então montar o plano de tratamento.
Sintomas e diagnóstico
Os movimentos são imprevisíveis e mudam de lugar com facilidade. Podem aumentar com ansiedade e diminuir quando a pessoa está focada em uma tarefa. Em fases mais intensas, o impacto no equilíbrio, na fala e na escrita se torna evidente. Por isso, o diagnóstico não é apenas “ver o movimento”; ele inclui entender como esses episódios interferem na rotina, no sono, no humor e na segurança para caminhar, alimentar-se e se comunicar.
Movimentos involuntários
Na coreia, os movimentos costumam ser rápidos, sem um ritmo marcante. As mãos podem soltar objetos, a expressão facial pode mudar sem intenção e a marcha ganhar passos irregulares. Em alguns casos, a pessoa tenta “disfarçar” o movimento com um gesto voluntário, o que confunde os observadores. Diferenciar esse padrão de outras manifestações é útil para que o plano terapêutico seja preciso.
Exames clínicos e genéticos
A avaliação começa com consulta neurológica, exame físico e testes funcionais simples: escrever, desenhar espirais, realizar tarefas de precisão e observar a marcha. Exames laboratoriais podem ser solicitados para investigar causas metabólicas ou efeitos de medicamentos.
Em contextos específicos, exames genéticos são úteis para confirmar ou excluir doenças hereditárias, como a doença de Huntington. Exames de imagem podem ser usados para afastar outras condições neurológicas quando há indicação clínica.
Tratamento
O tratamento de coreias é construído caso a caso. Na DM Plus, o plano combina medidas clínicas, orientação de rotina, reabilitação e, quando indicado, neuromodulação não invasiva. O foco é reduzir a interferência dos movimentos, organizar estratégias para atividades importantes e acompanhar a resposta com ajustes periódicos.
Terapia medicamentosa
Medicações podem ajudar a modular os circuitos que geram os movimentos. A escolha da classe, das doses e do esquema de uso é feita pelo neurologista com base no tipo de coreia, na intensidade dos sintomas e no perfil clínico geral.
Ajustes são comuns nas primeiras semanas para encontrar o melhor equilíbrio entre benefícios e possíveis efeitos adversos. Mesmo com boa resposta, a equipe orienta hábitos e exercícios que facilitam o desempenho nas tarefas do cotidiano.
Reabilitação e fisioterapia
A reabilitação tem papel central. O plano trabalha equilíbrio, coordenação e estratégias funcionais para situações que a coreia dificulta. Treinos de marcha com pistas visuais e auditivas, exercícios de estabilidade de tronco e de controle proximal, tarefas de dupla tarefa e técnicas de conservação de energia podem ser incorporados. A fisioterapia foca metas mensuráveis, como reduzir perdas de equilíbrio, melhorar a segurança ao caminhar, estabilizar postura ao sentar e segurar objetos com mais firmeza.
Quando a fala e a deglutição são afetadas, a fonoaudiologia ajuda com projeção vocal, ritmo da fala e segurança alimentar. A neuropsicologia pode contribuir quando há demandas de atenção, planejamento e organização da rotina, integrando metas cognitivas ao treino motor. A nutrição apoia a manutenção de energia e adequação de horários para que as sessões de reabilitação rendam mais.
Técnicas de neuromodulação
A neuromodulação não invasiva, como a Estimulação Magnética Transcraniana (TMS), pode ser considerada em contextos selecionados para modular redes relacionadas ao controle motor. Na prática clínica da DM Plus, quando a neuromodulação é indicada, ela é organizada junto com uma sessão de treino funcional na sequência.
Essa proximidade aproveita a janela de maior responsividade do sistema nervoso após a estimulação. O protocolo é definido pelo neurologista em conjunto com a equipe de reabilitação, avaliando objetivos, segurança e resposta ao longo do tempo.